Segundo Sandroni (1999)¹ a indústria consiste no conjunto de atividades produtivas que se caracterizam pela transformação de matérias-primas, de modo manual ou com auxílio de máquinas e ferramentas, no sentido de fabricar mercadorias. De uma maneira bem ampla, entende-se como indústria desde o artesanato voltado para o autoconsumo até a moderna produção de computadores e instrumentos eletrônicos, por exemplo.

Em que pese à diversidade da economia do Estado, que faz com que sejam muito variadas as oportunidades de investimento e as possíveis políticas para o desenvolvimento industrial, o maior desafio atual imposto às políticas de desenvolvimento da indústria mineira talvez seja aumentar o conteúdo tecnológico de seus produtos. Esse desafio visa a ultrapassar o atual estágio da estrutura produtiva de Minas Gerais, baseada na venda de commodities intensivas em produtos primários, minerais e intermediários de baixo valor agregado e na compra de bens e serviços de maior conteúdo tecnológico.

Os dados consolidados para os últimos 50 anos revelam que a indústria mineira apresentou, na comparação com os outros Estados da Federação, um dos maiores aumentos de participação relativa na indústria nacional. A mudança estrutural mais significativa foi observada na indústria de transformação. Nesse contexto, é importante enfatizar que houve um lapso temporal entre o conjunto de políticas públicas de industrialização do Estado — do fim dos anos de 1960 até o início da década de 1980 — e aquele crescimento na participação relativa, que ocorreu de forma gradual ao longo dessas 5 décadas.

A decomposição setorial desse esforço de industrialização revela seu direcionamento para a diversificação do complexo metal-mecânico — metalurgia básica, mecânica, eletroeletrônica e material de transportes. Entretanto, é notável que o Estado não tenha perdido, nesse período de comparação, participação relativa em praticamente nenhum setor relevante da indústria nacional — alimentos, têxtil, vestuário/calçados e mobiliário.

Os setores-chave da indústria mineira, entendidos como o agrupamento de setores com maior capacidade de encadeamento simultâneo das trocas intersetoriais — dentro da economia do Estado — e das trocas inter-regionais — na esfera da economia nacional — podem ser classificados em dois agrupamentos: o complexo metal-mecânico e o complexo agroindustrial. Essa classificação se justifica historicamente haja visto as melhores oportunidades de industrialização no Estado terem surgido das bases de recursos naturais de seu território, em primeiro lugar, das minas que estabeleceram a base exportadora inicial para a estruturação do complexo metal-mecânico, bem como dos campos das gerais, que permitiram a expansão da lavoura comercial e da pecuária. O modo histórico de exploração dessas oportunidades resultou nas atuais vantagens comparativas da indústria mineira.

1. SANDRONI, Paulo. Novo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999.